"Frio-zero" derruba vendas do comércio paulistano em abril

Publicado em 03/05/2016

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Mesmo sendo um mês sazonalmente mais fraco, abril manteve a trajetória de queda nas vendas do varejo. Dessa vez, o motivo foi outro: o veranico em pleno outono, que ajudou a derrubar as vendas do comércio paulistano, teve queda média de 8,3% ante março. Na comparação com abril de 2015, o resultado ficou praticamente igual, com média de -8,4%, segundo dados do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). No acumulado do ano, porém, a queda no movimento de vendas a prazo e à vista ficou em 12,7%. Além de poucas lojas investirem na nova coleção outono-inverno, a baixa procura por agasalhos, jaquetas e botas influenciou o indicador de vendas à vista que, sozinho, caiu 14,4%. No caso das vendas a prazo, a queda foi menor: 2,2% ante março, e 1,3% ante abril de 2015. “As vendas de bens não duráveis, comercializados principalmente à vista, caíram mais do que as vendas a prazo por causa do calor insistente e atípico que tomou conta da cidade em abril, o que impediu que a moda outono-inverno tomasse as vitrines e araras das lojas. Assim, prejudicou significativamente os segmentos de calçados e vestuários”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). Já a falta de confiança do consumidor, de modo geral, explica o declínio dos bens duráveis. “As pessoas estão inseguras, ou simplesmente não têm dinheiro para comprar itens de maior valor a prazo”, completa Burti. A compra de presentes como bolsas, calçados e roupas para o Dia das Mães provavelmente deve diminuir a queda nas vendas nesta primeira quinzena de maio, afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP. “As lojas demoraram a investir na coleção outono-inverno, e espera-se que, com essa mudança de clima, a queda dos não duráveis caia para algo em torno de 5% a 7%”, diz Alfieri. “Mas, se não fizer frio de verdade, ela já entrará em liquidação em junho ou julho.” No caso das vendas de bens duráveis, que já vinham caindo há diversos meses, a queda foi menor devido à estratégia do “prazo estendido”, que ajudou as vendas de móveis eletroeletrônicos e eletroeletrônicos para atrair a caírem menos. “Grandes cadeias varejistas não estão nem exigindo entrada e parcelando em 18 vezes no carnê. Nesse caso, a queda da massa salarial não influenciou, nem impediu o consumidor de comprar”, afirma o economista. Para os próximos meses, porém, a tendência é de volatilidade no indicador de compras a prazo meses, sinaliza Alfieri. “Exceto por artigos com apelo tecnológico, como smartphones, o consumidor ainda está inseguro quanto ao emprego e atento à alta nos juros. Uma hora pode ser que ele compre, outra não. E assim vai ser”, conclui. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.