Confiança do comércio cai 22 pontos em um ano

Publicado em 28/12/2015

Tempo de Leitura • 4 min

O Índice de Confiança do Comércio (Icom) caiu 22 pontos em um ano ao fechar dezembro com retração de 4,5 pontos em relação a novembro. Com a retração de novembro para dezembro, o índice atingiu 61,4 pontos, o segundo menor nível da série iniciada em março de 2010. Em dezembro do ano passado, na série dessazonaliza, a confiança do comércio estava em 85 pontos. A queda acontece depois de o indicador ter fechado novembro com alta de 4,6 pontos. Os dados foram divulgados hoje (23/12) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Neste segundo semestre do ano dos seis resultados aferidos pela FGV, o Índice de Confiança do Comércio registrou cinco resultados negativos. O único onde houve aumento da confiança foi exatamente o de novembro (4,6%), que interrompeu uma sucessão de resultados negativos. Na avaliação do superintendente adjunto para Ciclos Econômicos da FGV, Aloísio Campelo Jr., a retração sinaliza que o setor trabalha um cenário de dificuldades. “A piora expressiva das expectativas em dezembro mostra que o setor antecipa o enfrentamento de dificuldades nos próximos meses.” Segundo Aloísio Campelo, o cenário traçado pelas empresas parece combinar projeções de continuidade do ajuste das finanças familiares, piora do mercado de trabalho, condições de crédito mais restritas que de costume e confiança do consumidor ainda muito baixa. A queda do Icom em dezembro foi influenciada, principalmente, pela piora das expectativas em relação aos próximos meses, com o Índice de Expectativas (IE-COM) com queda de 7,2 pontos e chegando a 66,5 pontos, o menor valor da série. A maior contribuição para a queda foi dada pelo indicador que capta o grau de otimismo com as vendas nos três meses seguintes, que recuou 12,2 pontos em relação ao mês anterior. O Índice de Situação Atual (ISA-COM), que retrata a percepção dos empresários em relação ao momento atual, evoluiu desfavoravelmente ao apresentar uma queda de 1,8 pontos, registrando 57,3 pontos, também o segundo menor valor da série. A piora do ISA-COM foi, segundo a FGV, mais acentuada no quesito que mede o grau de satisfação das empresas com a situação atual dos negócios, que caiu 2,5 pontos em dezembro, frente a novembro. CONSUMIDOR O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 2% entre novembro e dezembro deste ano, passando de 76,7 para 75,2 pontos e atingindo o menor nível da série iniciada em setembro de 2005, no indicador com ajuste sazonal. Com o resultado de dezembro, a confiança do consumidor fecha o ano com queda de 21,3% em relação a dezembro do ano passado (o indicador anualizado), na série sem ajuste sazonal. Em dezembro de 2014, a confiança do setor estava em 96,2 pontos, na série ajustada sazonalmente. Em janeiro, o indicador iniciou o ano em 96,2 pontos. Assim como já havia ocorrido com o Índice de Confiança do Comércio, a confiança do consumidor fechou o último semestre do ano com resultados negativos em cinco dos seis meses do período. A exceção foi também o mês de novembro, quando o indicador subiu 1,3%, chegando a 89,8 pontos. Para a economista Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem do Consumidor, a piora da percepção em relação à situação financeira das famílias foi determinante para a queda no índice. “A queda do índice foi influenciada pela piora da percepção em relação à situação financeira familiar que, por sua vez, é reflexo da combinação de alguns fatores, como a aceleração da inflação de alimentos, a piora das avaliações sobre o mercado de trabalho e as dificuldades para a redução do grau de endividamento”. Na avaliação da economista, “nem mesmo a renda extra auferida no período (decorrente do pagamento do décimo terceiro salário) e a maior oferta de empregos temporários foram suficientes para reduzir a insatisfação e o pessimismo em relação aos próximos meses”. Os números negativos do último mês do ano refletem a piora nas avaliações dos consumidores sobre a situação atual e das expectativas em relação aos meses seguintes. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 4%, atingindo 63,2 pontos, menor nível da série, enquanto o Índice de Expectativas (IE) variou -0,8%, de 82,8 para 82,1 pontos. Na análise por classes de renda, todos os consumidores tiveram perda da confiança em dezembro, exceto os com renda familiar mensal entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, cujo resultado foi melhor do que no mês anterior. A piora mais expressiva ocorre para os consumidores de baixa renda, até R$ 2,1 mil, com queda de 4,3%. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.