A economia está definitivamente estagnada, segundo FGV

Publicado em 16/01/2015

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A economia brasileira entrou definitivamente em estagnação em novembro e deve ter encerrado 2014 quase parada, segundo o Monitor do PIB, estudo de estimativas sobre a atividade econômica feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O indicador, que faz um acompanhamento mensal na tentativa de antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta irrelevante em novembro (0,02%) em relação a outubro e ficou com crescimento zero no acumulado em 12 meses até novembro. "A economia está definitivamente estagnada", afirmou o coordenador do Monitor do PIB, Claudio Considera, pesquisador associado do Ibre/FGV e ex-coordenador de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A desaceleração do crescimento econômico, de ritmo fraco para zero, deu-se ao longo de 2014. Até março do ano passado, o indicador apontava crescimento acima de 2,0% para o PIB, no acumulado em 12 meses. A partir de agosto, a alta em 12 meses mudou de patamar, sempre abaixo de 1%, até chegar finalmente a zero em novembro. SERVIÇOS Segundo Considera, por trás da desaceleração da economia está a perda de fôlego do setor de serviços. Durante algum tempo, o crescimento dos serviços compensou o mau desempenho da indústria, mas esse movimento parece estar se esgotando. De março a outubro, a alta do indicador da FGV no acumulado de 12 meses foi caindo de 2,2% para 1%. Em novembro, ficou em 0,8%. "Os serviços são a maior parcela da economia, mas eles funcionam servindo às atividades da economia produtiva. Além disso, tem uma parte que é consumo das famílias. Enquanto os salários cresciam bem, a despeito da atividade fraca, o comércio vinha crescendo. Agora, os salários estão crescendo menor", resumiu Considera. Na comparação de novembro com outubro, o Monitor do PIB apontou queda de 0,27% no PIB de serviços e de 0,14% no PIB da indústria. Apenas a agropecuária registrou alta, com 1,24%. O Ibre/FGV trabalha desde o início de 2013 no projeto Monitor do PIB, indicador que procura antecipar, mês a mês, os movimentos do PIB, seguindo a mesma metodologia e buscando as mesmas fontes de informação empregadas pelo IBGE. O IBC-Br, calculado pelo Banco Central (BC) e cujo dado de novembro foi divulgado nesta quinta-feira (15) tem função semelhante. INDÚSTRIA Os sucessivos cortes no pessoal ocupado na indústria, que acompanham a retração na produção, comprovam que o cenário é de crise no setor, segundo Fernando Abritta, pesquisador da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Nem o setor externo nem o setor interno tem contribuído para o desempenho da indústria. O cenário é de crise", disse Abritta. Em novembro, o Estado de São Paulo, principal parque industrial do País, fez um corte recorde de empregados. O pessoal ocupado diminuiu em 6,1%, a maior queda para a região dentro da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal - Emprego e Salário, iniciada em dezembro de 2001. "É uma queda bem disseminada, que atinge 16 das 18 atividades pesquisadas em São Paulo. O maior impacto veio do setor de alimentos e bebidas (-9,1%), seguido por meios de transporte (-6,8%)", apontou Abritta. A atividade de meios de transporte sentiu o peso das demissões nas montadoras. "Algumas montadoras tiveram PDV (programa de demissão voluntária), reduziram turnos, fizeram lay-off. A produção de veículos em São Paulo recuou 15,5% em novembro de 2014 ante novembro de 2013", lembrou o economista do IBGE. São Paulo responde por 35% de todo o emprego industrial do Brasil. A demissão de trabalhadores no Estado teve a maior contribuição para a redução de 4,7% no pessoal ocupado na indústria em todo o território nacional em relação a novembro de 2013, embora todos os 14 locais pesquisados pelo IBGE tenham registrado corte de vagas no período. O emprego na indústria já está 9,1% abaixo do pico registrado em julho de 2008, calculou Abritta. "Esse ano já vai ser o terceiro seguido de queda no emprego industrial. A última taxa positiva foi em 2011, quando o pessoal ocupado na indústria cresceu 1,0%. Desde então, só vem caindo e ainda acelerando o ritmo de queda", ressaltou o pesquisador do IBGE. Em 2012, a indústria cortou 1,4% das vagas. Em 2013, a queda no número de postos de trabalho foi de 1,9%. De janeiro a novembro de 2014, a retração acumulada no emprego industrial está em 3,1%. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.