Vendas fracas no varejo podem acelerar demissões
Publicado em 19/10/2015
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A queda livre das vendas do varejo deve intensificar o processo de demissões no começo de 2016, tão logo se dissipe a esperança de parte dos varejistas em relação a alguma melhora das vendas puxada pelo Natal.
As vendas do comércio varejista caíram 3,4% em setembro na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). O dado já leva em conta a inflação do período medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Com a retração, o indicador deflacionado acumula perda de 2,7% no terceiro trimestre de 2015 ante o mesmo período de 2014.
A pesquisa apontou que o comportamento negativo das vendas foi influenciado sobretudo pelo desempenho do varejo de bens duráveis. Materiais para Construção, Vestuário, Móveis, Eletro e Lojas de Departamento apresentaram retração em setembro.
A razão apontada para esse desempenho é a maior dependência que esses setores têm do crédito, uma vez que as compras desses tipos de bem têm tipicamente valor médio mais alto.
Já o segmento de bens não duráveis, que inclui supermercados e hipermercados, teve desempenho superior à média em setembro, segundo o ICVA. O setor de drogarias e farmácias continuou com tendência positiva e puxou novamente as vendas para cima em setembro, sendo um dos poucos setores com alta na comparação com o mesmo mês do ano passado.
DEMISSÕES DEVEM AUMENTAR
O mal desempenho do varejo deve levar a mais demissões no começo do próximo ano. A avaliação é do economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, baseada na queda de 0,9% das vendas em agosto em relação a julho e de 6,9% em relação ao mesmo mês no ano passado, com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o economista, um indicador de que as vendas estão refletindo a perda de emprego e diminuição da renda é a queda de 5% nas vendas do segmento de hiper e supermercados.
"A tendência é continuar caindo e isso vai acabar por corroer a alta de 1,6% ainda acumulada em 12 meses do setor supermercadista", disse.
Na ponta, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 18,6%, livro, jornais e revistas despencaram 15,6% e tecidos, vestuário e calçados recuaram 13,7%.
"São quedas muito fortes. E como o comércio é o setor que mais emprega e a mão de obra empregada não é muito qualificada, os empresários não perdem muito em promover as demissões", disse Caparoz.
Para o final de 2015, a RC Consultores prevê uma queda de 3,6% das vendas do varejo pelo conceito restrito, que exclui as vendas de veículos e materiais de construção.
Diário do Comércio
Sobre o autor
Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.