Quer fugir da crise? Inove!

Publicado em 08/06/2015

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Em ano de aumento da inflação e redução do PIB, os empresários começam a fazer cortes nos orçamentos. Nada mais sensato, afinal é um momento de crise. Mas é preciso ter cautela para não enforcar setores que podem ser essenciais para sair do sufoco. “A inovação é um motor para empresas durante a recessão”, afirma Valter Pieracciani, especialista em inovação e sócio-fundador da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas. É em momentos de instabilidade que algumas empresas criam novos produtos capazes de reduzir custos e atender as novas exigências dos consumidores. Um dos exemplos são os amaciantes concentrados. Durante a crise do final da década de 1990, as empresas do setor de produtos de limpeza precisavam conter gastos, do outro lado os consumidores não estavam dispostos a pagar mais caro pelo produto. Para solucionar essa equação, a Confort, marca de amaciantes da Unilever, teve revisada a fórmula de seu produto, que deu origem a um congênere concentrado. Os benefícios foram muitos: economia de água na produção, redução no tamanho das embalagens (mas com mesmo rendimento) e diminuição dos custos com transporte. O produto final chegava aos supermercados 20% mais barato para o consumidor. Essa forma de inovação é conhecida como frugal –ou também como engenharia frugal– e consiste em criar produtos mais simples, eficazes e de alta qualidade. Ou seja, em tempos de crise, em vez de sofisticar, a ordem é reduzir e evitar desperdícios já na concepção dos produtos e serviços. “Durante uma crise é importante rever projetos que foram deixados para trás e que podem trazer um resultado significativo para empresa”, afirma Pieracciani. A inovação frugal foi aplicada também aos tanquinhos elétricos de lavar roupa. Eles foram criados para ser uma opção mais prática para os velhos tanques de cimento ou cerâmica. Ao mesmo tempo, uma alternativa mais barata que as máquinas de lavar roupa. Os tanquinhos têm funções mais simples e baixo consumo de energia e são sucesso de vendas em algumas camadas da população. As inovações podem vir em coisa simples e não necessitam de uma grande ruptura. Basta ser algo novo e que satisfaça as necessidades dos clientes. O CASO DAS BARRINHAS Quando as primeiras barras de cereal foram lançadas no mercado brasileiro, elas eram a promessa de lanche nutritivo, saboroso e prático. O produto caiu no gosto de pessoas adeptas da vida saudável ou das dietas. Tempos depois, vários vídeos e matérias com nutricionistas começaram a surgir na internet, mostrando que o suposto lanchinho sadio não tinha nada de light. Algumas marcas adicionaram muito açúcar na composição e outras eram feitas basicamente de flocos de arroz e pouquíssimos cereais. Ou seja, a maioria das barrinhas era uma guloseima disfarçada. Muitos consumidores preocupados com saúde deixaram de comprar o produto. Entrar nesse mercado com a mesma proposta de lanchinho saudável era um desafio para qualquer empresa. Mesmo assim, a Enova foods decidiu inovar nesse setor. A empresa, sediada na cidade de Encantado no Rio de Janeiro, já vendia produtos à base de amendoim. Em 2012, depois de alguns estudos, lançou a barra mixed nuts da Agtal – com formato similar ao das barrinhas tradicionais, mas feita com amêndoas, uvas passas e castanhas. “A ideia era ter um produto que fosse realmente nutritivo, gostoso e que fosse bom para a saúde”, afirma André Guedes, diretor de estratégia e marketing da Enova Foods. O produto não contém glúten e é feito sem aromatizantes e corantes. “O preço é um pouco mais caro do que as barrinhas comuns, mas os consumidores estão dispostos a pagar mais por um produto realmente saudável”, afirma Pieracciani. “A inovação, nesse acaso está em algo simples porque a empresa já trabalhava com esses alimentos.” Apostar nas barrinhas de amêndoas deu certo. Em um ano, o produto se tornou o mais vendido da empresa. Recentemente, a Enova Foods lançou dois novos sabores e pretende seguir inovando. “Pretendemos criar novos produtos para nosso portfólio”, diz Guedes. Confira três recomendações do especialista Valter Pieracciani para desenvolver produtos inovadores: 1.Pense diferente da concorrência: os produtos inovadores geralmente nadam contra a maré do mercado e são difíceis de serem copiados por outras empresas. 2. Inove, mas não fuja da essência: elabore um produto que sua empresa tenha facilidade em produzir. Se seu negócio trabalha com itens feitos de leite, por exemplo, invista em novos que tenham a matéria-prima como base. É mais fácil e barato. 3. Lembre-se do consumidor: crie algo que seja visto valioso e útil para os clientes. Mesmo para os produtos simples, a qualidade é fundamental. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.