Inadimplência sobe e consumidor busca mais crédito

Publicado em 15/06/2015

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O consumidor está tendo mais dificuldade para pagar dívidas e, ao mesmo tempo, buscando mais crédito, segundo dois levantamentos de birôs de crédito. No entanto, há um clima de cautela no uso do crédito. Dados do Banco Central mostram que a utilização do cartão de crédito aumentou 11% no ano passado, um percentual menor do que no ano anterior. Já os pagamentos à vista por meio de cartão de débito devem crescer mais. Segundo a Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) a inadimplência do consumidor subiu 2,7% na comparação com o mês anterior. Se a comparação for feita com maio de 2014, a alta nos calotes subiu 3,1%. No acumulado do ano, a variação foi posivita, mas menor, de 0,5%. A projeção da Boa Vista SCPC é que a inadimplência tenha uma elevação de 3% no fim de 2015. A leitura é a de que o perfil mais cauteloso de consumidores tem limitado aumentos mais expressivos dos atrasos de pagamento em um cenário de aumento do desemprego e alta de juros e tributos. "Ademais, o baixo crescimento da economia e, consequentemente, o menor consumo das famílias também são fatores que colaboram para que a inadimplência em 2015 seja relativamente pequena", diz a Boa Vista SCPC em nota. Já no âmbito do varejo, apenas o Centro-Oeste teve queda na inadimplência, de 2,6%. Por outro lado, o número de atrasos de pagamento no varejo aumentou 1,9% no Sudeste, 3,8% no Sul, 5,9% no Nordeste e 6,3% no Norte. Outra pesquisa, da Serasa Experian, mostra que o consumidor está procurando mais crédito. A demanda, em maio, aumentou 10,8% ante abril. A avaliação é que esse avanço se deve a fatores sazonais, já que em maio os consumidores aumentam a busca por crédito por causa do Dia das Mães. Na comparação com igual mês do ano passado, o aumento na demanda foi de apenas 1,6%. Esse percentual, na avaliação de economistas da Serasa, reflete o atual momento de contenção de gastos do consumidor e sua relutância em assumir novos financiamentos perante um cenário econômico adverso. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2015, o crescimento foi de 3,7% ante igual intervalo de 2014. A demanda do consumidor por crédito cresceu em todas as faixas de renda mensal dos consumidores, sendo que a maior delas, com alta de 11,9%, foi registrada nos que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. Na divisão geográfica, a maior alta foi no Sudeste (+14,3%), seguida do Norte (+11,8%), Sul (+10,7%), Centro-Oeste (+7,3%) e Nordeste (+3,0%). UTILIZAÇÃO DE CARTÃO DE DÉBITO É TENDÊNCIA O volume de transações com cartão de crédito em 2014 cresceu 11%, para R$ 593 bilhões, informou o Banco Central, nesta quinta-feira (11/6), por meio do Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro, que traz as estatísticas de varejo e de cartões de 2014. O número mostra que há um esfriamento geral do mercado de crédito, em suas diversas linhas de financiamento. Para se ter uma ideia, em 2013 o aumento do uso do cartão de crédito foi maior, de 15% sobre 2012. Essa desaceleração também foi vista no segmento de débito, que movimentou R$ 348 bilhões no ano passado. A alta de 19% também foi mais baixa do que a de 2013, de 23%. O crescimento do número de transações com cartão de débito se manteve estável em 2014, com crescimento de 15% na comparação ao ano anterior, o equivalente a 5,6 bilhões de transações. As operações com cartão de débito no Brasil devem superar as operações com cartão de crédito à vista. Essa tendência foi constatada pelo BC no relatório. De acordo com o documento, o aumento das operações com cartão de débito, em 2014, foi praticamente igual à taxa média de crescimento verificada nos últimos seis anos. Por outro lado, o aumento verificado nas operações com cartão de crédito foi inferior, consolidando a tendência, observada nos últimos anos, de que as operações com cartão de débito superem as operações com cartão de crédito à vista. Para o BC, a utilização do cartão de débito é "socialmente" mais eficiente nos casos em que o usuário não necessita de crédito para financiar suas compras. A justificativa é de que as operações com débitos são mais baratas, tanto da ótica do usuário (estabelecimentos comerciais e consumidores), já que a taxa de desconto e o prazo de recebimento são menores, quanto do prestador, pois o custo com gerenciamento de riscos é menor que nas operações com cartão de crédito. O uso do cheque, ainda segundo a instituição, permanece em queda, com redução no volume de transações de 10% em 2014, principalmente para transações de baixo valor, aumentando o valor médio do cheque que, atualmente, é de aproximadamente R$ 2.400 reais. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.