Em 2013, o comércio faturou R$ 2,7 tri - e já indicava desaceleração

Publicado em 17/08/2015

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O comércio registrou uma receita líquida de R$ 2,7 trilhões em 2013, um crescimento nominal (sem considerar a inflação) de 12,7% em relação a 2012, segundo uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (14/08) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A Pesquisa Anual do Comércio (PAC), divulgada a cada dois anos, também mostra o peso das pequenas varejistas na economia nacional. Apesar de ter registrado crescimento de dois dígitos na receita total, o comércio já indicava sinais de desaceleração em 2013, segundo a pesquisa. E quem puxou a queda foi o setor de veiculos O peso das pequenas empresas chama atenção. Isso porque 96,5% de toda a amostra da pesquisa têm até 19 empregados. Esse perfil de comércio faturou apenas 26,2% dos R$ 2,7 trilhões contabilizados em 2013. No entanto, foram esses varejistas que empregaram 54% dos 10,4 milhões de empregados do comércio naquele ano. “Muitas dessas empresas estão no Simples. Os números mostram que os benefícios que elas receberam na área tributária são plenamente justificados. Há um caráter social, porque são as maiores empregadoras”, diz Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Assim, são essas empresas que deve estar sofrendo mais com a crise econômica deste ano. “De fato, neste ano, não observamos as grandes quebrando, apenas as lojinhas, que são as maiores empregadoras”, afirma Alfieri. EMPREGOS O comércio segue sendo uma das atividades que mais emprega no país, respondendo por 18% do total de pessoal ocupado no Brasil. Ao todo, o número de trabalhadores no comércio (considerando também veículos e atacado) chegou a 10,4 milhões em 2013, 437,7 mil a mais do que no ano anterior. Em 2013, o crescimento do número de trabalhadores foi de 4,4% em relação ao ano anterior (um dos menores da série, perdendo apenas para 2012, quando o avanço foi de 4,2%). O número total de empresas, porém, encolheu para 1,596 milhão - ou seja, 19.234 estabelecimentos fecharam na passagem do ano. Os salários, por sua vez, tiveram o menor crescimento real da série. Em 2013, o avanço foi de 6,8% em relação a 2012. No total, segundo o IBGE, os profissionais do comércio receberam R$ 168,2 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações há dois anos. SINAIS DE DESACELERAÇÃO Apesar do crescimento nominal de dois dígitos no faturamento do comércio em 2013, a pesquisa mostra que naquele ano já havia sinais de um processo de desaceleração. A opinião é de Andréa Bastos, gerente da PAC do IBGE. A explicação, segundo ela, é que apesar do avanço da receita líquida, as atividades do varejo e de veículos registraram o menor crescimento real da série, iniciada em 2007. "A atividade de veículos vinha muito forte, por conta de financiamento, crescimento da renda e outras facilidades. Mas em 2013 o crescimento real da receita operacional foi de 4,1% ante 2012, o menor da série. Pode ter sido já efeito de uma desaceleração do crédito e um menor crescimento da renda", diz Andréa. O comércio de veículos automotores, peças e motocicletas perdeu participação na virada do ano e respondeu por 13% da receita operacional líquida (o equivalente a R$ 348,4 bilhões), menos do que em 2012, quando o segmento abocanhou uma fatia de 13,6% (R$ 323,8 bilhões), apontou o IBGE. Segundo a economista, outro sinal de que as famílias puseram um freio no consumo de veículos foi a alta na receita real do setor de peças. "Elas podem ter optado por elevar gastos com manutenção", afirma a especialista. No varejo, o avanço real da receita operacional foi de 7,2%, também o menor desde 2007. Quem impediu uma deterioração ainda mais intensa foram osmercados de bairro, o setor de tecidos e as lojas de material de construção - estas foram um destaque absoluto, com crescimento real de 21,8% no ano. O atacado foi o único setor do comércio que teve um avanço mais vigoroso na receita operacional, com ganho de 11,2% em 2013 ante 2012. A fatia do comércio varejista aumentou de 42,4% para 42,9% em 2013. O setor gerou uma receita líquida de R$ 1,14 trilhão e respondeu pelo maior contingente de trabalhadores, assim como o maior número de empresas. São 1,3 milhão de firmas encaixadas nesta classificação, que empregavam 7,7 milhões de brasileiros, segundo o órgão. "O ano de 2013 ainda foi bom para o comércio, embora na série tenha tido o menor crescimento", conclui Andréa. No varejo, os hipermercados e supermercados representaram a maior receita líquida, com R$ 278,9 bilhões (24,7% do total do segmento). As lojas de departamento, eletrodomésticos e móveis e os hipermercados e supermercados se sobressaíram em termos de salário médio mensal (1,8 salário mínimo nestes setores). Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.