Despenca o otimismo do consumidor
Publicado em 07/05/2015
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A confiança do consumidor recuou mais uma vez em abril, de acordo com levantamento mensal feito pelo Instituto Ipsos para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O Índice Nacional de Confiança (INC) registrou 104 pontos no mês passado ante 117 em março. O Índice varia de zero a 200 pontos, sendo que resultados acima de 100 pontos denotam otimismo e pontuações abaixo dessa média, pessimismo.
Apesar de ainda se manter na campo positivo da escala, o INC tende fortemente a mostrar que o consumidor não está satisfeito com a situação econômica atual. Desde novembro do ano passado, quando chegou a registrar 158 pontos, o indicador acumula quedas consecutivas.
A média história do INC, elaborado desde 2005, oscila entre 150 e 160 pontos. O resultado de abril é o pior desde que o levantamento começou a ser realizado. O nível da confiança registrado agora é pior do que o observado em agosto de 2005 (em 111 pontos), em meio ao escândalo do “mensalão”, e o de abril de 2009 (119 pontos), quando a crise financeira internacional ganhava intensidade.
“Esse pessimismo recorde do consumidor, sem precedentes em nossa pesquisa, deve-se, principalmente, ao aumento de tarifas públicas, à alta na inflação de alimentos, ao noticiário econômico negativo”, avalia Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
O estudo mostra que a percepção do brasileiro com relação ao seu poder de compra não é boa. Entre os 1,2 mil entrevistados para a pesquisa, 38% revelaram que consideram a própria situação econômica entre muito ruim e razoavelmente ruim. Já aqueles que a consideram razoavelmente boa ou muito boa foram 35%.
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Com relação à situação financeira futura – projetada seis meses à frente – ainda há otimismo na avaliação dos consumidores. Do total, 41% apontaram que suas finanças vão melhorar nesse prazo, enquanto 22% acreditam em piora. Entretanto, desde dezembro do ano passado, quando os otimistas eram 52%, o percentual daqueles que acreditam em melhora só tem caído.
Também há um maior receio com relação à estabilidade no emprego. Historicamente esse indicador do INC apontava que, em média, 40% dos entrevistados sentiam-se seguros no emprego, enquanto 20%, em média, se mostravam inseguros. No resultado de abril, entretanto, apenas 28% não viam risco de perder o emprego, em comparação com 36% que declaravamessa preocupação.
Inseguros com relação às finanças pessoais e à estabilidade no emprego, os entrevistados também se mostraram mais cautelosos no momento de fazer suas compras. Pelo INC, apenas 27% dos pesquisados se revelaram confiantes em adquirir eletrodomésticos, como geladeira ou fogão. Já 42% deles demonstraram receio em fazer compras desse porte.
Em fevereiro, havia equilíbrio entre a proporção dos entrevistados dispostos e os receosos em fazer grandes aquisições. Eles empatavam em 37% dos pesquisados.
POR CLASSE SOCIAL
Consumidores pertencentes às classes A/B estão pessimistas. O INC entre consumidores dessas classes sociais registrou 86 pontos em abril, abaixo da mediana de otimismo (100 pontos). Em março o indicador mostrava 97 pontos e em fevereiro, 110.
Entre os consumidores da classe C o INC registrou 109 pontos em abril. Desde novembro do ano passado, quando marcava 164 pontos, o indicador mostra queda. O mesmo ocorreu entre os consumidores das classes D/E, cuja queda levou o indicador de 146 pontos para 107.
POR REGIÃO
A confiança dos consumidores da região Sudeste rompeu a barreira do otimismo, passando para o lado do pessimismo. O INC para esta região ficou em 95 pontos em abril, depois de marcar 107 pontos em março.
O indicador para a região Sul caiu de 113 pontos para 100 pontos entre março e abril. Nas regiões Norte/Centro Oeste, o INC foi de 134 pontos para 114. Na região Nordeste, passou de 126 para 114 pontos.
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O INC é uma medida da extensão de confiança e segurança do brasileiro quanto à sua situação financeira ao longo do tempo. A medida, além de indicar a percepção do estado da economia para a população em geral, visa prever o comportamento do consumidor no mercado.
As 1.200 entrevistas foram realizadas em 72 municípios no Brasil inteiro. Amostra com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
DIA DAS MÃES
O pessimismo contaminou o consumidor também em relação às compras para o Dia das Mães. De acordo com um levantamento da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), apenas 75% dos brasileiros pretendem presentear as mães. Em igual data no ano passado, 86% se mostraram dispostos a ir às compras.
Além disso, o percentual dos que pretendem gastar menos com presentes aumentou de 25% para 38%. A pesquisa mostrou que 40% pretendem gastar até R$ 100 com presente na data, uma queda de 10 pontos percentuais quando comparado com 2014.
Para o presidente da Boa Vista SCPC, Dorival Dourado, o ânimo do consumidor reflete os atuais índices econômicos, que revelam a deterioração da confiança, do orçamento das famílias e das condições de crédito. “O consumidor está mais cauteloso neste ano, e as pesquisas mostram o foco na contenção de gastos e de consumo”, diz Dourado.
Os itens de uso pessoal como vestuário, calçados, cosméticos e joias representam 43% das intenções de compra neste ano (39% em 2014), eletrodomésticos, móveis e itens para casa 20%, entretenimento, jantar, lazer 8%, celulares 7%, flores 6%, eletrônicos 5%, produtos de informática 3% e outros presentes 8%.
Foram ouvidas mais de 1.100 pessoas em todo o Brasil para a pesquisa da Boa Vista SCPC.
Diário do Comércio
Sobre o autor
Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.