Comércio paulistano fecha 2015 com queda de 8% nas vendas
Publicado em 05/01/2016
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O ano é novo, mas isso não significa renovação de estoques para o comércio. Como já era esperado, as vendas do varejo paulistano mantiveram a trajetória de queda e encerraram 2015 com saldo negativo de 8% - o pior desde o Plano Real.
Os dados são do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), divulgado nesta segunda-feira (04/01). Em 2014, o setor fechou em alta de 1,7%.
Desta forma, nem o Natal salvou os resultados: apesar da alta de 20,8% nas vendas a prazo, e de 42% nas vendas à vista em dezembro ante novembro, ambos os resultados ficaram muito aquém da média dos três anos anteriores – de 22,2% e 53%, respectivamente, na comparação mensal.
No caso das vendas a prazo, o resultado já era esperado em razão da alta dos juros, da desaceleração do crédito para a pessoa física e da queda na confiança do consumidor puxada pela insegurança no emprego, diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.
“Já nas vendas à vista, o consumidor acabou usando a segunda parcela do 13.o salário. Mas isso não foi suficiente para reverter a queda no mês”, afirma.
Na comparação de dezembro de 2015 com igual período de 2014, a queda média foi ainda mais significativa e ficou em 14,5% - o pior resultado desde o início do Plano Real.
De um lado, a queda na massa salarial de 2,2%, segundo o IBGE, e de outro, a alta do dolar em mais de 48%, que influenciou o custo de itens como os de vestuário, por exemplo, colaboraram para o resultado.
“Tudo isso impactou até a compra de presentes de menor valor”, completa Alfieri.
Para 2016, a expectativa é que o ritmo de queda nas vendas seja menor ao longo do ano. Ainda assim, os resultados do varejo continuarão no vermelho, segundo Marcel Solimeo, economista-chefe e diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal/ACSP
“O varejo precisa se preparar para o começo do ano, quando a sazonalidade joga contra o lojista”, afirma, fazendo referência ao tradicional desempenho negativo que o setor sempre experimenta nos primeiros trimestres de cada ano.
Além de gastos típicos de início de ano, como IPVA, IPTU e material escolar, que vão drenar ainda mais a renda do consumidor – o “êxodo” dos paulistanos em férias e o Carnaval esvaziam a cidade e afetam o comércio de forma geral.
“Apenas a partir do segundo trimestre as quedas poderão ser mais brandas, caso o governo adote medidas na direção correta em relação às contas públicas e que restabeleçam a confiança de empresários e consumidores”, destaca.
PESSIMISMO
Diante da persistência da crise, os micro e pequenos empresários não estão animados em relação ao futuro da economia brasileira.
O levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em dezembro, mostra que 40,38% dos empresários estão pessimistas em relação à economia nos próximos seis meses.
A pesquisa mostra ainda que o Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário do Varejo e Serviços (ICMPE) registrou 40,03 pontos em dezembro, depois de atingir 38,27 pontos no mês anterior. O resultado está abaixo da marca de 50 pontos, que separa otimismo de pessimismo numa escala de zero a 100.
Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, afirma que o cenário econômico e político não ajuda a reverter a onda de pessimismo.
"Mesmo na época das festas de fim de ano, que costuma ser favorável para os resultados de vendas, as expectativas não são as melhores", diz.
"A inflação reduz o poder de compra do consumidor, impactando diretamente o consumo das famílias e, consequentemente, o faturamento das empresas".
O ICMPE é formado com dados de 800 empreendimentos do comércio varejista e do setor de serviços.
Diário do Comércio
Sobre o autor
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Alberto Spoljarick Neto
Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.