Brasileiros estão cada vez mais conectados

Publicado em 30/04/2015

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Apesar do perfil dos usuários de internet ser de jovens e pessoas de maior escolaridade e renda, o acesso à rede tem crescido em todas as faixas etárias, inclusive idosos, e em populações com menor grau de estudo ou de baixa renda, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2013, divulgada nesta quarta-feira (29/4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2008, apenas 5,7% dos brasileiros com mais de 60 anos acessavam a internet. Em 2013, essa fatia mais que dobrou, chegando a 12,6%, segundo o órgão. Apesar disso, o percentual continua sendo o menor entre todas as faixas etárias, enquanto a maior frequência ocorre nos jovens de 15 a 17 anos (75,7%). Em toda a população de 10 a 39 anos, o uso da internet ultrapassa os 50%. Em termos de anos de estudo, os brasileiros com ensino superior completo (15 anos ou mais de estudo) são os que mais acessam a internet, representando 89,8% desse total. O uso da internet chegou a 5,4% das pessoas sem qualquer tipo de instrução ou menos de um ano de estudo - fatia que era de 1,9% em 2008. O avanço do acesso à internet ocorreu principalmente entre as faixas de renda mais baixas, embora o alcance da tecnologia continue sendo maior nas famílias mais abastadas - 89,9% dos que acessam têm renda per capita acima de 10 salários mínimos. "O que se nota também é que quem tem esses equipamentos (computador ou tablet) em casa tem um rendimento médio maior do que quem não possui", diz Jully Ponte, técnica do IBGE. Segundo o instituto, o rendimento médio mensal per capita de quem possuía, em 2013, um computador ou tablet era de R$ 1.572,00, mais que o dobro dos R$ 687,00 de quem não tinha tais ferramentas para acessar a internet. Apesar da maior presença de pessoas de baixa renda e das que estão na terceira idade na internet, o acesso de forma geral cresceu, em 2013, num ritmo menor do que o registrado na década passada. Segundo o IBGE, o alcance dessa tecnologia só avançou devido ao uso de outros equipamentos - como o celular e o tablet -, já que o acesso por computadores evoluiu de forma mais tímida. Ao todo, 85,6 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade utilizaram a rede em 2013, 7,2 milhões delas exclusivamente por celulares, tablets e outras ferramentas. A Pnad investigou, pela primeira vez, o uso destes outros equipamentos além do computador. Sem eles, o uso da internet teria encolhido em termos relativos. Em 2011, 46,5% da população acessou a internet por meio de microcomputadores, o equivalente a 77,7 milhões de brasileiros. Já em 2013, essa fatia ficou em 45,3%, a despeito do aumento absoluto de aproximadamente 600 mil usuários. "Pode ser que, no futuro, o computador seja menos utilizado e as pessoas passem a acessar a internet só por meio do celular", diz Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad. Com a soma dos 7,2 milhões que acessaram a internet apenas por outros equipamentos (4,1%), a inclusão digital atingiu 49,4% da população brasileira acima dos 10 anos. A especialista ponderou, contudo, que as respostas dos entrevistados podem ter sido afetadas pela mudança no questionário - que teve a inclusão das perguntas sobre os outros equipamentos. Além disso, ela ressaltou que os dados da pesquisa não permitem concluir se essa dinâmica vai se intensificar nos próximos anos. "Numericamente, é uma redução (na proporção do uso da internet por computador). Estatisticamente, não sei (se configura uma tendência)", diz. Independentemente da comparação, a Pnad mostra que a inclusão digital no Brasil deixou de crescer intensamente como se observou na década passada. Em 2005, 20,9% dos brasileiros com 10 anos de idade ou mais acessaram a internet por meio de computador, fatia que saltou para 34,8% em 2008 e para os 46,5% de 2011. Desde então, mesmo num período menor (de dois anos), a inclusão digital avançou pouco até 2013. "Ainda tem muito o que melhorar e desenvolver. Temos de observar isso regionalmente para ver quais fatores interferem. Sabemos que a renda afeta. Pelo celular, muita gente acessa, mas tablets e computadores são bens mais caros", diz Maria Lucia. Em termos internacionais, pesquisadores do IBGE admitem que o retrato da Pnad 2013 mostra o Brasil atrás de países vizinhos das Américas e também da Europa. "As pesquisas não são totalmente comparáveis, mas a UIT (União Internacional de Telecomunicações) mostra que o Brasil está atrás em relação ao percentual (de acesso à internet) da média da Europa, que atinge mais de 70% dos domicílios, e também atrás da média de países da América. Estamos à frente apenas de países do Oriente Médio e da África. Então, há capacidade, sim, de expansão", diz Ponte, técnica do IBGE. Diário do Comércio

Sobre o autor

Alberto Spoljarick Neto

Alberto Spoljarick Neto é o gerente de marketing e eventos da Associação Comercial e Industrial de Mogi Guaçu. Formado em Publicidade e Propaganda e Relações Públicas pela ESAMC, ele continua se aperfeiçoando em tendências de consumo de mercado e as aplicando para os empreendedores de nossa cidade.